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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Predestinação II

V. A PREDESTINAÇÃO – Dentro do contexto bíblico, que estamos estudando, a Predestinação é simplesmente um ponto específico deste plano de Deus. O nosso Deus é soberano e não existe uma área sequer do universo, da nossa vida e existência, que não esteja sob esta soberania e regência, inclusive a questão da salvação de almas.

A. Definição: Poderíamos definir a Predestinação como sendo: O aspecto da pré-ordenação de Deus, através do qual a salvação do crente é considerada efetuada de acordo com a vontade de Deus, que o chamou e o elegeu em Cristo, para a vida eterna, sendo a sua aceitação VOLUNTÁRIA, da pessoa e do sacrifício de Cristo, uma CONSEQUÊNCIA desta eleição e do trabalho do Espírito Santo, que efetiva esta eleição, tocando em seu coração e abrindo-lhe os olhos para as coisas espirituais.

B. A Fonte da Predestinação: É a Soberana Vontade de Deus. No capítulo 6 do Evangelho de João, temos três versículos pertinentes: 37 – “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”; 44 – “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia”; e 65 – “E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido” (veja também – Ef 1.4, 5 e 11; Rm 9.11, 16).

C. A Causa da Predestinação: É a misericórdia infinita de Deus e a manifestação de sua glória. Rm 9.23 diz – “... a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão” (veja também – Rm 11.33; Ef 1.6 e Jo 3.16).

D. Os Objetos da Predestinação: Pessoas pecadoras. Note Jo 1.12 e 13 – “ Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (veja também esses versos, todos em João – 5.21; 6.65; 10.26 e 27; 12.37-41; 15.16; 17.6-8).

E. Os Meios para a concretização da Predestinação: 1. O chamado externo – Mt 22.14
“Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos” . 2. A resposta ao chamado interno (crença) – At 13.48 “... e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna”.

VI. A DOUTRINA DA PREDESTINAÇÃO, NA HISTÓRIA - Vamos dar uma olhada “relâmpago” na acolhida, exposição e reflexos das doutrinas relacionadas com a Soberania de Deus, com Seus decretos e, especialmente, com a Predestinação através da história:

A. Entre os Judeus: Os Judeus aceitavam normalmente a idéia de Deus, expressa no Antigo Testamento, que o apresenta como estando em controle de tudo e de todos, dirigindo os passos e os destinos dos homens, como indica Pv 16.33 – “ A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão” (veja também – Am 3.5 e 6; Is 45.7 e Jo 9.2).

B. Na História da Igreja Neo-testamentária:
1.Ensinada por Jesus – Jo 5.21; 6.65; 10.27; 15.16.

2.Explanada por Paulo – Rm 9.1-16; Ef 1.4,5-11.

3.Registrada por João, Lucas e outros: Jo 1.12,13; At 13.48

4.Aceita pelos Patriarcas da Igreja, como por exemplo: Policarpo, Irineu e Eusébio.

5.Contestada pelos ramos heréticos da Igreja, dos quais o maior expoente, nos primeiros séculos, foi PELÁGIO, que defendia o livre arbítrio irrestrito, em oposição a AGOSTINHO, que defendeu e enalteceu a Soberania de Deus em todas as esferas, principalmente na salvação de almas.

6.Esquecida pela Igreja Católica, na medida em que ela foi se formando entrelaçada ao Estado, após a regência do Imperador Constantino. Este esquecimento foi paralelo ao de outras doutrinas cardeais da Bíblia, que foram sufocadas e suplantadas pelas tradições e conveniências da Igreja, concretizando-se no humanismo pragmático de Tomás de Aquino.

7.Reaparecida em todos os movimentos Pré-reforma que desabrocharam na Idade Média, sendo uma constante, paralelamente às outras doutrinas chaves da Bíblia, entre os Valdenses (seguidores de Waldo), os Hussitas (seguidores de João Huss) os Lolardos (seguidores de Wyclif), etc.

8.Revivida por Lutero, na Reforma do Século XVI, que despertando para as doutrinas fundamentais que haviam sido mumificadas pela Igreja Católica, a defende e a proclama, principalmente em seu livro: “De Servo Arbitrio” (A Prisão do Arbítrio), escrito em resposta a Erasmo de Roterdã.

9.Constante em todos os movimentos Pós-reforma, como por exemplo nos escritos e tratados de Melânchton, Zuínglio, João Knox, etc.

10.Sistematizada, em seus ensinamentos, por João Calvino, que reapresenta e sistematiza a posição de Paulo e de Agostinho em seu tratado “Institutas da Religião Cristã”, e em outros livros e comentários bíblicos que escreveu, fundamentando a posição da Igreja Protestante contra os Arminianos.

11.Atacada apenas, nesta ocasião, por Jacobus Armínius e seus seguidores, que assumiram a posição de Pelágio (vide item 5, acima), levando ao posicionamento contrário, oficial, conhecido como os cânones de Dort (Dordrecht) – que resume a doutrina reformada sobre a soberania de Deus na salvação , refletindo, igualmente a interpretação bíblica dessas doutrinas contidas no Catecismo de Heildelberg e na Confissão de Fé Belga.

12.Constituída no posicionamento oficial de quase todas as denominações que se afirmaram após a Reforma:
PRESBITERIANOS—A apresentam na Confissão de Fé de Westminster, principalmente nos capítulos V, VIII, IX, X, XI e em várias perguntas e respostas dos Catecismos (Breve e Maior). BATISTAS—Estes adotaram a Confissão de Fé de Londres (1689, na Inglaterra e 1742 nos Estados Unidos), que é semelhante em tudo à de Westminster, exceto na forma prescrita para o batismo.
CONGREGACIONAIS—Na sua doutrina soteriológica se assemelhavam aos Presbiterianos. Alguns puritanos (caracterizados pela convicção plena da soberania de Deus) eram presbiterianos, outros (como Roger Williams, na América) eram batistas, mas muitos eram congregacionais, como Jonathan Edwards.
ANGLICANOS—Na primeira reestruturação desta Igreja, sob Edward VI, quando foram escritos os 42 Artigos de Fé, a soberania de Deus e a posição Calvinista, sobre a salvação, foi retratada e defendida.

13.Presente nas mensagens dos grandes pregadores dos séculos 17 a 19, tais como CHARLES SPURGEON—O grande pastor batista, que muito escreveu sobre eleição e soberania de Deus. J. EDWARDS e GEORGE WHITEFIELD, nos EE UU, e muitos outros de tradição puritana.

14. Considerada como o esteio da Igreja e da Nação Holandesa, durante séculos (na forma mais abrangente da Soberania de Deus – pois penetrou a vida plena da nação, inclusive na política), o que pode ser constatado nos movimentos missionários e de catequização deflagrados pelos holandeses nos séculos 16 e 17 e, mais contemporaneamente, nas vidas e escritos de KUYPER, BAVINCK e outros ilustres homens de Deus, daquele país.

15. Considerada a mola mestra dos movimentos missionários desencadeados pela Igreja Norte Americana, pois constituía a doutrina explanada pelos grandes doutores, tais como Charles Hodge, Benjamin Warfield, Dabney e tantos outros. Neste sentido, esteve presente no Brasil desde o início da Igreja Presbiteriana, pois era a doutrina dos antigos missionários (a começar com Simonton – discípulo de Hodge) e dos primeiros pastores formados por estes, tais como o Dr. Antônio Almeida e muitos outros.

16. Infelizmente, esquecida e relegada a segundo plano por quase todo o mundo evangélico contemporâneo, mais preocupado que está com os “modismos” da época, em vez de concentração nas raízes sólidas da doutrina bíblica e na aplicação destas às pessoas, em todas as suas atividades. Este esquecimento foi provavelmente causado pelo advento do Dispensacionalismo, há cerca de 150 anos, que, popularizado pela Bíblia de Scofield, tomou conta da mensagem e da teologia da maioria das denominações, até da Igreja Presbiteriana, no maior reavivamento de Pelagianismo e Arminianismo desde a aparição destas correntes.

17. Necessária no ensinamento das Igrejas, que deveriam rever os seus Padrões de Doutrina, achegando-se cada vez mais à Palavra, para que a posição de Deus venha a ser exaltada, e para que o Evangelho puro possa ser pregado, para a glória do Seu Nome. Acreditamos, portanto, que a Doutrina da Predestinação é bíblica; harmoniza-se com o todo da revelação da pessoa de Deus, conforme as Escrituras; e tem sido sustentada pelo testemunho dos segmentos fiéis da igreja de Cristo. Em artigo próximo, examinaremos algumas objeções contra a doutrina da predestinação e concluiremos este estudo. Examinando e Expondo a Palavra de Deus aos Nossos Dias:
Isaías 1:18-20 "Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra. Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse."Atos 17:2-3 "Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos; e este, dizia ele, é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio."

Bibliografia: http://www.solanoportela.net/artigos/estudo_predestinacao.htm

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